A
vida, às vezes, toma rumos que não podemos prever. Seria adequado se
tivéssemos o poder de inserir um pouco de certeza no futuro incerto.
Quem dera possuirmos a sagacidade na movimentação das peças essenciais
para conseguirmos um xeque-mate ameno, sem ocasionar percas, contudo,
assim como no xadrez escolhas são necessárias. Perder componentes
relevantes é inevitável para findar o objetivo do jogo (qual a
finalidade da vida? Alimentar a nossa centelha divina ou nos regozijar
em deleites bestiais? Estar tal qual Hércules perante um caminho
bifurcado e ter que decidir a estrada a ser galgada. Caríssimo, Sartre,
concordo quando dizes que a liberdade é uma prisão), faz parte do
funcionamento da vida observar boa parte das pessoas desmoronarem ao
nosso redor. Somos o rei. O jogo continua enquanto não nos mantivermos
prostrados e seguirmos adiante com esperança na vitória. Doravante
tomemos a coragem de Davi para abater qualquer gigante que obstrua a
realização de nossos sonhos. Tenhamos a sabedoria de Salomão para lidar
com magnas decisões. Sejamos esperançosos como os retirantes de
Graciliano Ramos que mesmo diante do chão mirrado do sertão nunca
deixaram de cultivar incessantemente o oásis dentro deles, a fé em dias
verdejantes. Com a consciência de que por mais que o céu esteja opaco, ele
não tardará a presentear-nos com a plenitude de sua opalescência ímpar.
Clayton Levi
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