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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Branca Sardenta



Quando o astro pálido estiver no ápice da formosura entre as estrelas,
Estarás indo ao encontro de uma das muitas branquelas
Que encontraste durante esses meses de vida noturna.
Quem não vive uma vida promíscua tem uma sorte soturna.
Dado o instante de desflorá-la, rapaz,
Poderás iniciar as preliminares de forma voraz,
Percorrendo sem pudor o corpo nunca antes explorado,
Ou com paciência procurando satisfazer cada parte do venerado.
Tuas mãos irão percorrê-lo com entusiasmo e luxúria.
Tudo isto ficará cravejado na tua memória.
Dominar os pormenores da língua é ter a oportunidade
de ser sensual durante a escrita e a oralidade.
Na branca sardenta irás encontrar o deleite.
Ela se comunica de forma diferente, aceite.
O Teu tato e visão serão tua audição.
Sem medo de ser feliz, manuseie-a com livre permissão.
Ela pode voar das tuas mãos, contudo segure-a com força
E diga: "Fique aqui! Quem manda em você sou eu, moça.".
Coloque-a em cima da cadeira. Em seguida, estupre-a,
Sinta o prazer emanar, até deixá-la sem ar!

(Clayton Levi)
18/01/15

Ano-novo

"Viver é não saber que se vive.
Procurar o sentido da vida, 
sem mesmo saber se algum sentido tem,

é tarefa de poetas e de neurasténicos."
(Florbela Espanca)




A aurora de um novo ano floresce
E acaricia o olfato de todos
Com o seu aroma de novidades.

O tempo se esvai
Como uma cascata arenosa a fluir,
Sem perder o fôlego,
Entre meus dedos.
E o que importa?
Vivo o agora em sua plenitude!

Nessa noite, vivencio o que já fui.
Descubro o que não sou.
Renasço como senhor da minha sina.

O céu olha com seus olhos negros:
O líquido glacial da garrafa
A aquecer sorrisos francos.
O poeta a brindar,
A cada "Trin! Trin!"
Surge um Éden momentâneo.

A alvorada confessa:
Para ser feliz não é preciso ter muito,
Mas ser em abundância.
É preciso amar a si mesmo
Acima de todas as "coisas".

(Clayton Levi)