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sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Enxurrada de terror



Revolta seletiva!
Barbárie civilizada!
Ignorância coletiva!
Percepção midiatizada!

Opiniões lançadas nas redes sociais na velocidade de um tiro. 
A inteligência procurando um retiro.
Assassine a alienação com a faca chamada informação.
Não seja mais um idiota em busca de ovação.

Enxergue pela primeira vez, saia da caverna! 
Acorde sua consciência que hiberna!

Colapso mundial: Paris em chamas, Minas na lama, 
A terra do Japão está hiperativa. O planeta por ajuda clama!
Saraivadas de balas e explosões na capital francesa.
O Rio Doce se transformou em lágrimas amargas de Mariana, 
Enquanto alguns sujeitos apenas comem frango à milanesa
E cospem “suas ideias” ensanguentadas à paisana.

Esqueçam o UFC! O caos se instaurou! 
A voz do terror ecoa pelo mundo e se deparou
Com o odor da morte falando sobre ódio e desesperança.
Esqueçam o patriotismo! Levantem o estandarte da bonança!

Opiniões lançadas nas redes sociais na velocidade de um tiro 
A inteligência procurando um retiro.
Assassine a alienação com a faca chamada informação.
Não seja mais um idiota em busca de ovação.

Enxergue pela primeira vez, saia da caverna! 
Acorde sua consciência que hiberna!

(Clayton Levi, 15/11/15)

Dia de finados



“Por que será que a gente vive chorando os amigos mortos, e não aguenta os que continuam vivos?”. (Mario Quintana).
Alguns vivos, digo, vivos-mortos, pessoas vazias, me causam admiração. Não, dessa vez não estou falando de discursos onde a fundamentação resolveu tirar férias perpétuas... Quanta eloquência cheia de vazio e vazia de integridade sobre o dia hoje! (Será que estou abusando da metalinguagem? Rs).
Uma lástima que os mortos não possam se defender, responder com desdém a cada palavra dita e a cada ação concretizada, ou quem sabe o silêncio deles seja a melhor resposta. A morte é uma dádiva(?), um descanso das pessoas que semeiam o ódio em vida ao próximo e quando este vai "estudar a geologia dos campos-santos", como disse Machado, resolvem ter atitudes em relação ao estudante que nunca tiveram antes da derradeira soneca dele.
Mestre Quintana, essa realmente é uma Dolorosa Interrogação. Talvez tenha alguma resposta em tudo que eu disse acima.
(Clayton Levi, 02/11/15)

Um livro que eu não queria escrever

Na capa do livro colocarei a seguinte frase: "Esse é um livro que eu não queria escrever". Sobre o conteúdo eu descobriria que pode existir o infinito entre a letra inicial maiúscula e o ponto final. Enquanto ao título? Haverá meses para pensar em um. Consideremos isso como a última porção de terra sobre minha antiga vida. O derradeiro suspiro de uma caminhada sem responsabilidades essenciais.
Antes de entornar as canecas que se sucederiam naquela noite e enterrar (ou seria iniciar?) mais um ciclo da vida, eu não conseguia ter um fluxo de pensamento tão diversificado. Jovens e suas aventuras. Festa: um maremoto de bebidas afogando uma fauna de pessoas (des)conhecidas. Quem foi a essa festa não recorda do que fez em sua totalidade...
No tempo presente quando alguém impulsionado pela curiosidade pergunta: - "Faz tempo que você conhece essa menina?". Respondo com um misto de tom jocoso e tímido: - "Bem, ela está grávida de 2 meses. Então, a conheço há 2 meses".
(Clayton Levi, 19/10/15)

Amor incondicional


Amor incondicional existe. Chegar em casa e contemplar dois livros novíssimos no chão, dentre eles um semi-molhado por um líquido transparente que causa Alzheimer. Qualquer resquício de sono se esvaiu instantaneamente ao presenciar essa cena horrenda. Cogitei a possibilidade de assassinar toda a linhagem do culpado em sua presença, antes de testar as novidades do âmbito da tortura nele. Descobri quem cometeu esse crime imperdoável. Não consegui sentir uma gota de ira dela, algo incomum, afinal trucidaria qualquer um que fizesse uma mera orelha em um livro meu. Em vez disso abracei Capitu como se minha vida dependesse de tal ato. Em seguida, sorri e pensei: como a vida é maravilhosa!
 (Clayton Levi, 17/10/15)

Maneira ‘’errada”


[...] Pela primeira vez em minha existência, cogitei a possibilidade daqueles livros recheados de ideias planas, da seção de autoajuda, fazerem algum sentido na prática. O que você pensa, você atrai. Nada é mais forte do que a força do pensamento. Ela de alguma forma era a personificação das minhas ideias mais impuras. Eu gostava da maneira ‘’errada” dela de me persuadir a ficar bem. Ela continuou o que não terminamos na sala. Escreveu com o corpo uma literatura erótica. De forma abrupta, saltou e me abraçou com as pernas, enquanto ela brincava de gato e rato com o tesouro que tenho na língua, não hesitei, fui até precipitado, em conhecer o seu corpo como um cego conhece um livro em braille. [...].
(Clayton Levi, 11/09/15)

E se...




E se o bater de asas de uma borboleta criasse um furacão do outro lado do mundo?
E se Robinson Crusoé não tivesse contrariado o desígnio de seus pais?
E se Dorian Gray não tivesse escutado as palavras de Lorde Henry?
E se Fausto não tivesse evocado Mefistófeles?
E se Carlota tivesse se permitido amar Werther?
E se Jekyll não tivesse tomado sua fórmula?
E se Dante tivesse esquecido Beatriz?
E se o vinho tivesse findado no limiar daquela Noite na Taverna?
E se eu não tivesse lido livros?
(Clayton Levi, 8/9/15)
  

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Recesso 2015.2




Miragem de oásis no deserto.
Canto de sereia no oceano.
Bilhete premiado no fim do ano.
"Estarei sempre aqui por perto".


CLAYTON LEVI

segunda-feira, 6 de julho de 2015

J. da Silva




Na infância: cigarras
Na adolescência: cigarros
Na infância: bola
Na adolescência: cola
Na infância: o cobertor o cobre
Na adolescência: furta cobre
Na infância: saboreia balas
Na adolescência: atira balas

J. da Silva, agora adulto,
Usou o seu corpo como régua
Para medir a distância, sem trégua,
Entre o chão e o topo do viaduto.
Clayton Levi

terça-feira, 23 de junho de 2015

Poesia





A poesia é uma chave mestra: abre corações, mentes e pernas.




15 de junho de 2015, Clayton Levi.

terça-feira, 2 de junho de 2015

“O mais feroz dos animais domésticos é o relógio de parede:
 conheço um que já devorou três gerações da minha família.”.
 - QUINTANA, Mario.



          Tempo? O Tic-tac na parede do meu quarto agora é mudo. Contudo, tenho um lembrete constante da passagem das horas silenciosas e letais: pousando minha mão em meu peito "escuto" o tiquetaquear do meu coração. Algumas vezes, pode ser demasiado tarde para assassinar a saudade de algo/alguém. Até semear uma palavra amiga ou falar umas "verdades" possuem um prazo de validade. Então, vamos viver e não apenas existir: que a nossa vidafruta tenha plenitude por desfrutarmos dela a cada pedaço suculento como se fosse o derradeiro!

Clayton Levi

(De)lírio



(De)lírio: esta formosura
É perpetuada pelas primaveras.
Está estampada a efígie da ternura
Nos campos florais através das eras.

Distante de ser apenas uma savana,
É a natureza em forma humana:
Na pele tem a cor da lua.
Aurora boreal: nua.

Tem o aroma de terra molhada.
O céu azul compactado no olhar,
A expressão facial é ensolarada
E o corpo tem as curvas do mar.

Em cada carícia labial uma ígnea presença.
Delas brotam, entre as pernas, uma foz.
Há uma lira pastoril na voz.
No amor eterno tem a crença.

No sorriso pérolas incrustadas.
Musa com o toque de Midas
Transforma com seu leve tato o simples em ouro.
Notívagos costumes de um pássaro mouro

Que desfruta desse presente da natura
Sem medo de macular sua alvura.
Pêssego genital: iguaria edênica.
Perfeição da botânica.

Clayton Levi

quinta-feira, 26 de março de 2015

Homem do Século XXI


Acordou da hibernação poética.
Agora consegue (transcre)ver
O horror da existência cáustica,
O olhar para o outro é cadavérico. 

A vida cotidiana é um cansaço
Que sufoca com a força do aço.
O lado sentimental
É quente como metal.

Transportes repletos
De diversos dialetos.
A mente recheada de diversos
Nomes e ideias que serão versos.

As relações  - independente de qual seja -
Entre as pessoas são efêmeras como o rio que corre,
Não são feitas para durar. 

Não há nem tempo para terminar as rimas daquele
Novo poema, tampouco compactar cada estrofe em 
Quatro versos. O café queimou sua boca. Corre!... Ônibus...
A cultura da futilidade possui um altar multifacetado
Para adoração comunitária


Do seu novo escrito (ou não!). 
Assim vai vivendo, sem perdão,
O homem do século XXI
Até o dia do enorme "boom"!

Clayton Levi

Emaranhado Existencial

             
        

               Ela acordou após um fim de semana onde dormir foi a sua atividade de maior carga horária, intercalada com refeições distantes de serem saudáveis. Emaranhado existencial: precisava estudar, mas para isto carecia de dinheiro e para ter o bolso com verdinhas era necessário estudar. Ah, a vida e sua lógica desconexa. As ficções fazem mais sentido do que a própria vida real - pensou Sofia.

      Existem pessoas que dormem a vida inteira. Ela já havia despertado... A garota também necessitava viver além de apenas existir. Sentir-se viva para fugir da rotina de ser apenas mais um número na sociedade. Tinha noção de Platão e outros filósofos,  isto a permitia tecer críticas a realidade na qual estava inserida. Sorria ao descrever como real toda essa farsa em que ela vivia. Realmente, acreditava que estava encarcerada em uma caverna sombria como na Alegoria da Caverna.

          Almejava uma ferramenta para romper os grilhões que a mantiam refém disso tudo, porém as sombras personificadas em sua preguiça, no seu total desinteresse por questões rasas da vida e as falcatruas que participava só permitiam que a jovem fitasse perplexa o caos primordial, a bagunça do seu quarto: roupas e folhas de rascunhos amassadas se digladiando para ocupar um lugar no chão, enquanto as embalagens de pizza em sua cama assistem tudo de camarote. Da incerteza fazia certeza. Um fato era incontestável: "Ela e organização eram antônimos". 


                                                                                                    -  Clayton Levi

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Branca Sardenta



Quando o astro pálido estiver no ápice da formosura entre as estrelas,
Estarás indo ao encontro de uma das muitas branquelas
Que encontraste durante esses meses de vida noturna.
Quem não vive uma vida promíscua tem uma sorte soturna.
Dado o instante de desflorá-la, rapaz,
Poderás iniciar as preliminares de forma voraz,
Percorrendo sem pudor o corpo nunca antes explorado,
Ou com paciência procurando satisfazer cada parte do venerado.
Tuas mãos irão percorrê-lo com entusiasmo e luxúria.
Tudo isto ficará cravejado na tua memória.
Dominar os pormenores da língua é ter a oportunidade
de ser sensual durante a escrita e a oralidade.
Na branca sardenta irás encontrar o deleite.
Ela se comunica de forma diferente, aceite.
O Teu tato e visão serão tua audição.
Sem medo de ser feliz, manuseie-a com livre permissão.
Ela pode voar das tuas mãos, contudo segure-a com força
E diga: "Fique aqui! Quem manda em você sou eu, moça.".
Coloque-a em cima da cadeira. Em seguida, estupre-a,
Sinta o prazer emanar, até deixá-la sem ar!

(Clayton Levi)
18/01/15

Ano-novo

"Viver é não saber que se vive.
Procurar o sentido da vida, 
sem mesmo saber se algum sentido tem,

é tarefa de poetas e de neurasténicos."
(Florbela Espanca)




A aurora de um novo ano floresce
E acaricia o olfato de todos
Com o seu aroma de novidades.

O tempo se esvai
Como uma cascata arenosa a fluir,
Sem perder o fôlego,
Entre meus dedos.
E o que importa?
Vivo o agora em sua plenitude!

Nessa noite, vivencio o que já fui.
Descubro o que não sou.
Renasço como senhor da minha sina.

O céu olha com seus olhos negros:
O líquido glacial da garrafa
A aquecer sorrisos francos.
O poeta a brindar,
A cada "Trin! Trin!"
Surge um Éden momentâneo.

A alvorada confessa:
Para ser feliz não é preciso ter muito,
Mas ser em abundância.
É preciso amar a si mesmo
Acima de todas as "coisas".

(Clayton Levi)