"... Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?...".
Além de aqui dentro de mim?...".
- Renato Russo, Vento no Litoral
O poeta empresta seu corpo ao sentimento que o
faz perder o apetite pela vida.
Eis
a dor sufocante a escrever cada verso deste poema agonizante.
A
maneira que o faz manejar a caneta ao encontro do papel lembra um depressivo ao cortar a sua própria pele com uma faca, na esperança de expulsar todo o
desespero de dentro de si por não poder lidar com emoções insuportáveis que se
debatem em seu peito.
Como
se ao escrever esses versos maculados de sangue pudesse trazer o mal para fora
e combatê-lo até sepultá-lo se tornasse possível. Mutilar
todo seu corpo e banhar-se no mar sem sentir dor seria mais fácil do que
suportar isso tudo.
Ele
gostaria de acreditar nas palavras de Pessoa quando este diz que: “O poeta é um
fingidor. Finge tão completamente que chega a
fingir que é dor a dor que deveras sente.”.
Ele gostaria de poder acreditar nisso, crer que esses versos repletos de sangue são apenas obra de sua
imaginação. Crer que ao nascer do sol a luz vai repudiar toda a escuridão que
se faz presente na sua vida.
Não importa o quanto ele deseje a felicidade, o quanto ele almeje estar com quem ele ama, as suas vontades não importam, não depende dele deixar de ser um cadáver a vagar pelo mundo. O antídoto disso tudo está no mesmo frasco do seu veneno. Na mesma pessoa que causou tamanha dor se encontra a cura dele.
Clayton Levi
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