No
olhar
do poeta tudo no mundo se transforma. A laje é o cume de um castelo
encantado,
a menina é uma princesa imaculada, a lua é Deus a observar e cuidar de
tudo. Em cima
da laje, de forma incomum, a menina pura de plumas tocou o trovador de
tal
maneira que o seu coração ficou confuso, inquieto, tímido, pensativo.
Enquanto ele consertava as asas dela algo nele estava sendo restaurado.
Ao
abraçá-la todas as perguntas silenciaram, as respostas não mais
importavam, ele
não sentia nada, exceto o abraço reconfortante do seu anjo meigo. Bem
que o
abraço poderia ter sido eterno, assim ele ficaria em paz para sempre, porém foi efêmero como o mais lindo luar. A chuva surgiu, pequenas gotas de
alívio caíram. Desceram
do alto do palácio. Assentou-se no trono, próximo a princesa, e
colocou-se a
escrever versos mentalmente:
Na pessoa
amada há mais valor do que em um harém.
Um dia o
sujeito fica cansado de ser Don Juan e passa a ser Romeu,
A pessoa prefere sentimentos sinceros a corpos vazios sobre o seu.
Em
Julieta há mais valor do que em todas as concubinas - a dançarem -
Juntas na vida e no além. Medos, incertezas... Observo as estrelas
A reluzir e elas contam-me segredos ancestrais. Graças
A elas permito-me seguir adiante sem receio de errar. Tagarelas,
Porém sábias, conseguem convencer-me que há várias desgraças
Na vida, mas a pior delas é cometer o mesmo erro
Diversas vezes. É preciso seguir em frente e ser feliz.
Não ficar se culpando por sujeiras do passado infeliz
Para não fazer do futuro promissor um enterro.
É necessário aos outros perdoar
E também nos desculpar pelas falhas
Que cometemos, assim se doar
Ao próximo será um gesto sem batalhas.
É impossível ocultar para sempre a sensibilidade.
Porém sábias, conseguem convencer-me que há várias desgraças
Na vida, mas a pior delas é cometer o mesmo erro
Diversas vezes. É preciso seguir em frente e ser feliz.
Não ficar se culpando por sujeiras do passado infeliz
Para não fazer do futuro promissor um enterro.
É necessário aos outros perdoar
E também nos desculpar pelas falhas
Que cometemos, assim se doar
Ao próximo será um gesto sem batalhas.
É impossível ocultar para sempre a sensibilidade.
Há alguém
especial que consegue ver além das aparências
E sabe apreciar o sabor do seu melhor lado com amabilidade.
Não se
pode deixar de ser sensível mesmo com o avanço das ciências.
Findou a escrita mental. Voltou a si. Passado o insight shakesperiano, em seguida, o bardo
pousou seu olhar nos olhos do querubim.
Palavras de felicidade encontrou neles, foi algo estranho, afinal onde
já se viu ler versos raros e belos nos olhos de alguém? Como
borboletas nas flores a menina angelical pousou suas mãos nas dele. O menestrel sentiu o anjo
beijar sua alma ao ser tocado por ele. Decerto com o toque dos
lábios dela nos seus sentiria a emoção de um amor adolescente, puro, ávido, inesquecível
e tudo dentro dele seria belo como uma rosa. Ele encontraria o paraíso na
terra, pois lugar melhor não existiria do que estar ao lado dela. (Será que
a menina que voa sem se dar conta e anda por ser humilde sorriria desses
versos?).
É
preciso ver as pessoas como se fosse cego, é preciso ver além das
aparências e sentir a essência do outro. O
poeta
vê o mundo com os olhos fechados. Ele
enxerga-o com o seu coração. O custo por passar um tempo agradável com
um anjo
é sentir uma saudade incessante que devora o coração. - Abraça
brandamente
o anjo duas vezes para se despedir, duas vezes, pois quer ter a certeza
que
tudo aquilo que aconteceu foi real e porque se sentia bem por fazê-lo, a
alma
em silêncio gritou de felicidade em cada abraço tímido -. Toda a
felicidade do
mundo contida em um abraço foi o que ele encontrou naquela noite.
Clayton Levi