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quinta-feira, 30 de maio de 2013

Simulacro sublime

"... Quando desejo encontrá-la,
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois..."¹. 
- Alberto Caeiro (heterônimo de Fernando Pessoa).



       À noite, na casa tua, vós lia uns versos que escrevi, tendo a ti como inspiração. Tamanha é a alegria de contigo estar que suscitas paz em meu inquieto peito. Espero que assim seja por muito tempo, pois em meio ao ócio, leitura acadêmica ou o que seja, escreverei versos que cantam tua formosura e virtudes. Declamarei-os a ti enquanto assisto os teus finos lábios formarem o mimoso sorriso que se alguém o imortalizasse em um quadro tornar-se-ia um ornato notório em diversos âmbitos, de casas populares a grandes instituições. Bem sei que o pintor do teu sorriso de primavera não iria conseguir transmiti-lo com perfeição para a tela, mas mesmo assim beleza igual não haveria de existir para ser comparada a cópia do teu sorriso, simulacro sublime. Como eu iriam de sentir-se bem toda vez que admirassem tal obra-prima... Ó, meu amor, esquece qualquer pensamento sobre ir-se embora. Pois és tu que o meu - tão  teu -  coração aqueces, és tu com teus encantos que tornas minhas rimas fáceis de virem à tona:  

Em estreito laço
Fazes o meu semblante lasso
Esvair-se em felicidade casta.
Minha vida iluminas qual pirilampos 
A deslizar por noturnos campos. 

        Estou indiferente aos horrores da vida que não a tua partida. Se nos sorrir o misterioso porvir, espero estar contigo para ouvir casais de enamorados falar sobre nós: "Veja que casal de velhinhos lindo, assim, feliz, ao seu lado quero permanecer.".

- Clayton Levi
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¹ PESSOA, Fernando. Poemas de Alberto Caeiro: obra poética II. P. 97. 

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